terça-feira, 23 de agosto de 2011

Educando a Mente


Educando a Mente - Izabel Telles


Esta semana encontrei na sala de espera uma mãe com uma menina de uns 8 anos. A menininha, muito simpática, olhou para mim e disparou uma porção de perguntas que eu nem sabia bem como começar a responder.

A mãe então falou para ela:

- Fica quieta... você é muito faladeira!

Sentei-me calmamente ao lado da mãe e falei para ela, olhando para a criança,

- Ela é comunicativa!

Quando pude estar a sós com a mãe tentei fazê-la ver que quando ela chama a filha de faladeira a mente desta criança vai imediatamente procurar no seu arquivo central uma referência do que é ser faladeira e, se não encontrar, vai abrir um novo arquivo ligando a palavra à condenação ou repressão; com coisa negativa e inapropriada. E, toda vez que estiver falando vai se lembrar, inconscientemente, que é faladeira e que ser faladeira não é uma coisa boa. Portanto, é melhor parar de falar, parar de perguntar ou se interessar pelos outros e pelo mundo. Sendo que um espírito curioso é muito importante para o desenvolvimento e aplicação da inteligência. Já pensou o que seria do mundo se os inventores, cientistas e poetas não fossem curiosos?

Aproveitei para mostrar como a mente funciona e que, por não ter julgamento ou valores fixos, a mente opera por analogias e conexões de informações e sensações.

Então, fiquei muito surpresa quando ela me perguntou:

- Quer dizer que ao invés de dizer que ela é gulosa, morta de fome, posso dizer que ela tem um apetite por coisas gostosas, por exemplo?

Respondi que era isso mesmo que eu queria dizer.

Aí, juntas, começamos a criar umas versões novas para os velhos padrões de tratamento com as crianças.

E ficou mais ou menos assim:

Ao invés de dizer:

a)Molenga

b)Sempre cansada

c)Não gosta de estudar

d)Morre de medo

e)Não faz nada sozinha

f)Perguntadeira

g)Dependente

Diga:

a)tem um ritmo mais lento

b)precisa de mais tempo

c)prefere atividades lúdicas

d)precisa que entendam...

e)gosta de ser ajudada

f)interessada, pesquisadora

g)gosta de estar acompanhada

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